Em um mercado cada vez mais dinâmico e volátil, os modelos clássicos de gestão sucumbiram diante de desafios sem precedentes.
Nos últimos dias uma das palavras que mais ouvimos falar foi a palavra decreto. Seguindo esta tendência eu afirmo, está decretado o fim dos modelos clássicos de gestão, ou seja, é o fim das empresas velhas.
Em 2012 a Kodak decretou falência, estamos falando de uma empresa gigante e com mais de 100 anos de existência, que dominou seu mercado por muitos anos. Todos sabemos que um dos grandes fatores que contribuíram para isso foi o impacto do mercado de câmeras e fotografias digitais, a Kodak teve muita dificuldade em lidar com a concorrência oriental, e principalmente, perdeu a capacidade de dar respostas ao dinamismo da era digital. Agora não sei se você sabe, mas foi a Kodak quem criou a câmera digital. Por que uma empresa que era de vanguarda e estava a frente do seu tempo perde valor de mercado e simplesmente vem a ruína depois de mais de 100 anos de sucesso?
Por que e quando uma empresa fica velha?
Uma empresa fica velha quando perde o que eu chamo de TIMING de mercado, isso ocorre quando seus gestores perdem a capacidade de enxergar o óbvio, não conseguem mais enxergar o próprio pé, ou seja, estão tão atarefados com a rotina do dia a dia e presos dentro das quatro paredes da empresa, que simplesmente não conseguem ter a capacidade de notar as mudanças que estão ocorrendo com o mercado e quando se dão conta dos impactos que os produtos entrantes, ou mudanças no comportamento dos consumidores, estão tendo em seus resultados não conseguem mais reverter o cenário.
Conheço empresas com mais quase 100 anos que são tão jovens quanto uma startup que acabou de nascer na era digital. O que define uma empresa jovem ou velha não é sua data de fundação, mas sim o modelo mental de seus gestores e fundadores.
O envelhecimento de uma empresa está ligado com sua capacidade de se reinventar, em se manter competitiva e criando mudanças, não sendo impactada por elas.
4 Toxinas que provocam o envelhecimento precoce de uma empresa:
Arrogância: Este comportamento faz com que gestores e fundadores acreditem que são superiores ao mercado, são superiores aos concorrentes, que conhecem tudo do seu mercado pelo simples fato de estar atuando há mais de 30 anos em tal segmento. Entenda, acreditar em sí mesmo é uma coisa, ser arrogante é algo bem diferente.
Orgulho: Muitos gestores não aceitam pedir ajuda, o orgulho é um escudo que impede a pessoa de aceitar seus pontos de melhoria. Precisamos desenvolver a arte de reconhecer o sucesso dos outros, inclusive dos seus concorrentes, aprenda com eles.
Cegueira: Muitos não conseguem enxergar seus pontos fracos, eu percebi muitas empresas com as vendas despencando ou necessitando fazer um esforço enorme para garantir o faturamento mesmo antes da pandemia, e que não conseguiam enxergar que necessitavam diversificar seus canais, investir em novas plataformas e etc.
Medo: O medo paralisa, faz com que muitas empresas permaneçam presas em um modelo arcaico e que já foi sucesso um dia, o medo faz qualquer gestor se afundar em resultados pífios em nome de uma falsa segurança.
O que isso significa?
Primeiramente significa que é impossível atuar no mercado de hoje com base nos modelos de gestão do passado. Quando digo passado, não estou me referindo a 30 anos atrás, estou falando de alguns meses atrás, ou no máximo alguns poucos anos.
Nós já estávamos assistindo a uma transformação na forma de fazer gestão, a velocidade que as mudanças aconteciam, a transformação digital, a volatilidade do mercado, tudo isso impacta diretamente no modo de fazer gestão. O que tenho percebido em tempos de incertezas é um exército de empreendedores trabalhando sob pressão, e muitas vezes sem saber exatamente onde e como focar suas energias, acumulando resultados medianos ou insuficientes para as necessidades reais das empresas, isso porque todos precisam gerar novos resultados em um mercado regido por uma nova dinâmica, porém seu arsenal de recursos estão parados nos modelos do passado. Para dar respostas ao novo dinamismo do mercado, serão necessários novos atributos e com toda certeza ferramentas novas, habilidades novas, competências novas e principalmente, atitudes novas.
É impossível se abrir para algo novo se antes não deixarmos para trás aquilo que é velho: velhos hábitos, velhas práticas, velhos controles e velhas políticas. Tenho dito dentro dos meus programas de mentoria que um dos maiores desafios deste país não é colocar uma criança na escola, mas sim fazer um adulto estudar algo novo. Infelizmente muitas empresas estão sofrendo mais do que o necessário com o cenário de incertezas porque seus executivos deixaram de estudar, continuam fazendo gestão com a velha cartilha embaixo do braço.
Para sua empresa prosperar em um cenário de incertezas, será necessário um novo modelo de liderança, bem diferente daquele que você foi treinado, a vantagem agora é de quem cria mudanças, não apenas de quem aprende a conviver com elas. Suas experiências com seu negócio trouxeram você até o atual momento, não significa que elas sejam suficientes para te levar aos próximos anos ou rumo aos seus objetivos, tudo vai depender da sua capacidade de criar mudanças em tempos de incertezas.
Separei algumas perguntas que podem te fazer refletir e pensar em que nível você e seu negócio se encontram em meio a todo este turbilhão de mudanças:
– Você está criando mudanças ou está tentando replicar algum modelo pronto de outro empreendedor?
– Qual foi a última vez que você e sua equipe testaram algo pela primeira vez?
– Quantas vezes você já errou este ano? Caso tenha errado muito pouco, pergunte-se se você não se encontra em um lugar chamado “zona de conforto”.
– Com qual periodicidade você se reúne com sua equipe para avaliar seus indicadores de desempenho?
– Você tem muito claro e de fácil mensuração a meta principal do seu negócio para os próximos 6 meses?
15 anos de atraso em 60 dias, é possível?
Quando o lockdown aconteceu, todos correram para a internet, descobriram em pleno ano de 2020 que seria possível vender, e garantir resultados diversificando canais. Sabemos que muitas empresas garantiram bons resultados na páscoa ou no dia das mães, que é considerado para o varejo brasileiro nosso segundo natal, em volume de vendas. Porém esta estratégia precisa ser executada com maestria e da forma correta, não existe espaço para a “gambiarra”digital.
Muitas empresas que antes estavam presas em um único canal de vendas, ou permaneciam reféns de modelos clássicos, tentaram resolver todas as suas demandas para uma transição digital em menos de 60 dias, é óbvio que toda ação gera algum resultado, porém é preciso compreender que a transição digital precisa ser estruturada, dentro de um planejamento, com orçamento específico e conduzido por profissionais capacitados. Isso não significa que será lenta, pelo contrário, porém precisa ser correta. O Mundo digital é um caminho sem volta, mas isso não tem haver com o a Pandemia, mas sim porque esta é a grande tendência, o digital abrindo caminho para as lojas físicas, vivemos na era do FIGITAL, OMNICHANEL gerando experiências, os clientes não querem ir até uma loja, eles querem desejar ir a uma loja, e esta experiência começa na palma da mão por meio de um smartphone.
Sua maneira em lidar com incertezas e seguir em frente poderá ser seu grande fator competitivo, uma coisa é certa em meio a um mercado tão volátil, o que vai fazer com que sua empresa permaneça jovem, pujante e criando mudanças, é a capacidade que todos terão de mudar em tempos de mudanças.
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